A soldagem de
pontos por resistência é usada em praticamente todos os
segmentos da
indústria metalúrgica, devido à sua facilidade de aplicação, não
exigindo
metais de adição e pela sua versatilidade, pois pode em alguns casos vir a unir
diferentes materiais.
Os pontos de
solda são aplicados para unir chapas metálicas executando um tipo de costura
entre elas. Por não acrescentar peso algum ao produto e por proporcionar baixo
aporte térmico com relação aos processos de soldagem a arco, o processo de
soldagem de pontos por resistência elétrica é o preferido entre os demais na
indústria automotiva, linha branca, eletrônica e outras.
Como
desvantagem, porém, esse processo não impede que exista infiltração de água ou
poeira através das chapas e pelos espaços entre os pontos de solda. Esse problema
pode ser corrigido com o uso de colas especiais para metais, que após a respectiva
cura, impedem a entrada de água, além de proporcionar isolação acústica e
aumentar a resistência estrutural do conjunto soldado.
Historicamente,
o processo de soldagem de pontos por resistência tem se
desenvolvido
no sentido de se tornar à prova de falhas. No início, basicamente, uma fonte de
corrente e um elemento de fixação das peças era suficiente para executá-lo. Posteriormente,
as máquinas de solda começaram a ser compostas por controladores automáticos de
corrente elétrica, circuitos temporizadores de precisão e válvulas de controle
de pressão retro-alimentadas no sentido de torná-las mais eficientes.
Entretanto, mesmo assim, ainda existiam algumas variáveis, tais como: alterações
nos revestimentos das chapas, desgaste dos elementos consumíveis e os aspectos
próprios da operação, que podiam ser percebidas na qualidade final, através da
sua influência no resultado do ponto soldado.
Atualmente,
com o desenvolvimento de sistemas compensatórios inteligentes,
capazes de
absorver variações dos elementos discretos, que fogem ao controle
inicial, foi
possível proporcionar que a qualidade do produto final ficasse cada vez menos
dependente de fatores externos.
Apesar dessas
contribuições, não se pode ainda garantir uma boa soldagem no
caso de
montagem de peças amassadas, ou se tratando da seleção de programas errados por
parte dos soldadores. Os sistemas compensatórios são impotentes nos casos em
que os pontos simplesmente não são executados, sejam por esquecimento ou perda
de sequência de produção. Também são ineficazes quando ocorrem falhas no
sistema, como falta de refrigeração ou troca de eletrodos por outro tipo não
especificado, ou seja, o uso desses sistemas para execução da soldagem não pode
garantir a isenção completa de erros.
2.1 DEFINIÇÃO
DO PROCESSO DE SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA
ELÉTRICA
Denomina-se
soldagem, ao processo de união de duas partes, usando fonte de calor, com ou
sem aplicação de pressão. A solda é o resultado desse processo.
Segundo a
definição da norma DIN 1910 (1997), a soldagem por resistência elétrica é uma
classificação do processo de soldagem, e essa mesma norma classifica o processo
de soldagem de pontos por resistência elétrica como uma subdivisão do processo
de soldagem por resistência.
No caso do
processo de soldagem de pontos por resistência elétrica, especificamente, a
ligação acontece através do calor gerado por fontes de energia
elétrica
devendo existir uma força entre as chapas a serem unidas, de modo que se forme
uma região de resistência elétrica para a passagem da corrente.
As diferentes
formas de aplicação da soldagem por resistência
As soldas a ponto, por costura, por
projeção e topo a topo formam um grupo de soldas nas quais o calor necessário
para a soldagem é gerado por resistência elétrica, através de um circuito de
baixa
voltagem e alta amperagem, atuando num
período de tempo relativamente curto.
As peças a serem soldadas são
pressionadas uma contra a outra por meio de dois eletrodos não consumíveis;
após isto, faz-se passar uma alta corrente por eles que, devido à resistência
existente entre as peças, vai produzir calor através do efeito Joule: Q =
KxI2xRxt, onde:
K = constante
I = corrente elétrica
R = resistência elétrica
t = tempo
A máquina para soldagem por resistência
é composta basicamente, por: um transformador com um sistema que permita a
variação de corrente; dois eletrodos bons condutores de eletricidade entre os
quais são colocadas as chapas que serão soldadas. Estes eletrodos devem
associar alta condutividade elétrica a boa resistência ao desgaste, o que
normalmente é conseguido usando-se uma liga de Cobre-Berilio; um sistema que
controle a pressão dos eletrodos sobre as chapas e que determine o tempo de
passagem da corrente elétrica e um sistema de refrigeração dos eletrodos.
A corrente de soldagem é estabelecida na
máquina pela mudança no transformador (taps de controle
ou controle eletrônico).
O controle de tempo das diversas etapas
do processo pode ser mecânico, como mostrado no
esquema acima ou através de "timers"
eletrônicos, que são usados nas máquinas mais modernas.
• Instruções
para o uso das máquinas:
- O material a soldar deve estar isento
de óxido, graxa, óleo, etc., no ponto a ser soldado.
- Os eletrodos da máquina devem estar
livres de incrustações; para remover estas, lixá-los quando
necessário.
- O tempo de operação e a intensidade da
corrente devem ser estabelecidos de acordo com a
espessura do material a ser soldado, bem
como com a sua natureza.
- Eletrodos finos requerem menores
pressões
- Chapa galvanizada requer maior tempo
ou maior intensidade de corrente.
- O tempo de operação é determinado pela
velocidade aplicada ao curso do pedal entre as posições
superior e inferior.
- A intensidade de corrente é
determinada pela posição da chave de controle.
7.3
Variáveis do processo
As três variáveis mais importantes do
processo são: a resistência, a corrente e o tempo.
Sob controle do operador temos: a
pressão dada nos eletrodos, a corrente e o tempo.
• Resistência
Quando os eletrodos comprimem as chapas
a serem soldadas, a resistência elétrica entre eles
compreende cinco resistências
diferentes.
Das cinco, apenas R3
é
básica para o processo. Esta resistência de contato entre as chapas é
que origina o ponto de solda.
Pontos de solda consistentes dependem,
portanto, das condições das superfícies na interface.
As resistências R1
e
R5 , provocadas pelo contato eletrodo
-peça, devem ser minimizadas através de uma boa limpeza das chapas e de uma
pressão adequada dos eletrodos, que devem ser ótimos condutores elétricos.
As resistências R2
e
R4 dependem da resistividade e espessura
das chapas, bem como da
temperatura de trabalho.
• Corrente e
tempo
Os efeitos da corrente e do tempo podem
ser considerados em conjunto mas, embora ambos afetem a quantidade de calor
desenvolvido, é apenas a corrente que determina o grau máximo de calor. Uma
parte deste calor é perdida, principalmente, na água de refrigeração dos
eletrodos. O tamanho a que o ponto irá chegar, depende da velocidade de geração
do calor, portanto, da corrente. O tamanho máximo conseguido é cerca de 10%
maior que o diâmetro do eletrodo.
7.4
Ciclos de operação
O processo básico de soldagem por
resistência apresenta um ciclo de operação composto de quatro estágios:
• Compressão
É o tempo entre a primeira aplicação da
pressão dos eletrodos e a primeira aplicação da corrente de solda.
• Tempo de solda
É o tempo durante o qual a corrente de
solda passa.
• Tempo de
fixação
É o tempo durante o qual a pressão dos
elementos continua a ser aplicada, após a corrente ter sido interrompida.
• Descompressão
É o tempo durante o qual os eletrodos
não estão em contato com a peça.
O processo de solda por resistência é
automático e todas as variáveis devem ser pré-fixadas e
mantidas constantes.
Isto é necessário porque, uma vez
iniciada a solda, não há nenhum modo de controlar seu progresso.
Além disto, os testes não destrutivos
são muito difíceis e não completamente satisfatórios. Portanto, é costume
estabelecer esquemas para testes destrutivos em algumas amostras e manter, o
melhor possível, o controle das variáveis.
Por
ponto
Materiais bons condutores de calor são
mais difíceis de serem soldados, pois o calor ao invés de ficar concentrado no
ponto, se dispersa através da chapa. Assim, usando-se máquinas de 25 KVA de
potência, consegue-se soldar duas chapas de alumínio de até 3 mm de espessura e
de até 2,5 mm, se as mesmas forem de cobre.
2.3.1 Pinças de Solda
A pinça de
solda, como mostra, a seguir, figura 2.1, é o equipamento responsável
pela execução
do ponto de solda. Ela normalmente é controlada por um comando de
solda, que
através de parâmetros definidos determinará o momento de abertura e
fechamento da
pinça. Sua função basicamente é operacional: fechar os braços e
proporcionar a
passagem da corrente de solda.
Quando a
soldagem é automática, as pinças são manipuladas por robôs, os quais
levam o
conjunto de braços, cilindro e transformadores para os locais adequados,
posicionando-os
adequadamente para a execução dos pontos de solda.
Quando o
processo é manual, o operador posiciona a pinça para a obtenção dos
pontos. Para o
correto posicionamento, são colocados suportes na periferia da pinça,
de modo que
exista empunhadura adequada para sua sustentação.
Braços
Eletrodos
27
De maneira
básica, uma pinça é composta por acessórios elétricos e
pneumáticos. A
parte pneumática é formada por um cilindro, por conexões, por hastes
e por braços
ligados a esse cilindro, além das válvulas de acionamento.
As pinças são
classificadas como C ou X. As pinças do tipo C possuem um
cilindro de
ação direta em relação ao movimento de fechamento dos braços. As
pinças do tipo
X possuem cilindros que fecham os braços através de uma alavanca. A
escolha de um
determinado tipo de pinça depende de sua aplicação e devem ser
levados em
consideração alguns aspectos, tais como:
• o acesso dessas ao produto a ser soldado;
• a ergonomia, no caso de pinças manuais;
• o comprimento mínimo necessário dos braços;
• o espaço disponível nas estações de trabalho;
• a força entre eletrodos necessária para
soldagem.
Do ponto de
vista técnico, a pinça C é mais vantajosa, pois a força entre eletrodos
não varia em
função do comprimento dos braços. A forma da pinça possui uma
grande
influência sobre os parâmetros de soldagem, pois quanto maior são os braços,
maior será o circuito
secundário e conseqüentemente serão também maiores as
perdas por
indução. Outro aspecto relevante é que uma pinça “grande” precisa de um
tempo maior
para fechamento de seus braços, e isso reflete diretamente no tempo de
pré-pressão.
Ponteadeiras
estacionárias
São também
utilizadas em larga escala as ponteadeiras estacionárias tanto pela sua
versatilidade, quanto pelas capacidades de transformador (que pode ser AC ou
média frequência). Temos hoje em dia equipamentos de excelente tecnologia que
permitem a utilização de inúmeros recursos.
Eletrodos
Os eletrodos
de solda por resistência (ponto) são dos mais variados tipos, formatos e ligas,
cada um para sua respectiva aplicação.
Seguem algumas
características das ligas fabricadas comercialmente para confecção de eletrodos
de solda por resistência.
CARACTERÍSTICAS DO
ELETRODO DE COBRE CROMO
Condutibilidade elétrica (%IACS): 70 a 75
Condutibilidade térmica: Elevada
Dureza: 65
a 75B - proporcionada pelo cromo, que atua como elemento endurecedor da liga
Resistência ao desgaste: Elevada
Temperatura de amolecimento: 500 ºC
CARACTERÍSTICAS DO ELETRODO DE
COBRE COBALTO BERÍLIO
Condutibilidade elétrica
(%IACS): 48
Dureza: 95 a 100B
Temperatura de amolecimento: 500 ºC
CARACTERÍSTICAS DO ELETRODO DE COBRE ZIRCÔNIO
Condutibilidade elétrica (%IACS): 90
Condutibilidade térmica: Elevada
Resistência ao desgaste: Elevada - quando utilizado para soldar chapas finas de aço com tratamento superficial de zinco
Condutibilidade elétrica (%IACS): 90
Condutibilidade térmica: Elevada
Resistência ao desgaste: Elevada - quando utilizado para soldar chapas finas de aço com tratamento superficial de zinco
CARACTERÍSTICAS DO
PORTA ELETRODO DE COBRE CROMO ZIRCÔNIO
Condutibilidade
elétrica (%IACS): 80
Condutibilidade
térmica: Elevada
Resistência ao
desgaste: Elevada
Dureza: 70B - proporcionada
pelo cromo, que atua como elemento endurecedor da liga
Temperatura de
amolecimento: 550 ºC
Temperatura de trabalho: Alcança elevada temperatura
em decorrência do zircônio
Desgaste dos
eletrodos
Conforme a
utilização, os eletrodos são desgastados no processo e suas áreas de contato
sofrem aumento, o que por consequência diminui a densidade de corrente. Ocorre
também a difusão de átomos do metal de base para o eletrodo, o que implica
diretamente na condutividade do material.
Abaixo, segue
um estudo de vida útil de um eletrodo de solda ponto.
Dimensionamento de eletrodos
Os eletrodos de solda ponto devem ser
dimensionados para que a fusão ocorra entre as duas chapas unidas. Em caso de
chapas de igual espessura, utilizam-se diâmetros de contato iguais e onde as
chapas são de espessuras diferentes, dimensiona-se os diâmetros de contato de
modo que a fusão ocorra entre as duas chapas.
(a) (b) (c)
a – Correto
b – Incorreto
c – Incorreto
• Por projeção
Neste processo os pontos são
predeterminados, através de puncionamento de uma das chapas. Assim, obtemos uma
concentração maior de calor na zona de soldagem.
Equipamento:
Em geral, para soldas por projeção, usam-se
ponteadeiras estacionárias, tanto pela correta distribuição da pressão quanto
pela utilização de transformadores mais potentes.
Eletrodos
Eletrodos compostos
basicamente por Cobre e suas ligas mais um pino guia isolado para soldagem de
porcas ou com revestimento interno de material isolante para soldagem de
parafusos.
Porcas e parafusos
de projeção
São utilizadas
porcas com projeção em projetos que exijam rosca, mas onde trona-se inviável a
usinagem de uma rosca.
O mesmo caso ocorre
para a escolha da soldagem de um parafuso.
• Por costura
Este processo consiste em usar-se como
eletrodos, dois roletes que rolam sobre as chapas fazendo uma solda contínua e
não mais por pontos.
Equipamento:
Utilizam-se máquinas estacionárias pela
correta aplicação de forças, peso dos eletrodos e potência dos transformadores.
Eletrodos
São discos de Cobre e suas ligas em
geral. Possuem furos que servem como flange de fixação nas máquinas de solda
por resistência.
Para soldagens intermitentes, em geral
não são refrigerados ao passo que na soldagem contínua são refrigerados por ar
comprimido.
• Topo a topo
O processo é empregado para soldar topo
a topo barras, tubos, arames, etc.
Êle pode ser subdividido em dois tipos:
• Por contato
As peças a unir são presas em mordentes,
postas em contato, e faz-se passar uma corrente elétrica.
Devido à resistência de contato, aparece
na junta um aquecimento que aumenta até atingir a temperatura de soldarem. Em
seguida, as peças são comprimidas firmemente uma contra a outra e assim
efetua-se a junção.
Este processo é apropriado para a
soldagem de aço até 500 mm² de seção transversal, dos metais leves e do cobre.
A pressão de soldagem é de 1,5 kgf/mm² para o aço doce e de 0,6 kgf/mm² para os
metais leves. As seções transversais a soldar devem ser iguais. A resistência
mecânica da junção é da ordem de 80% da
resistência do metal soldado.
• Por
faiscamento (arco elétrico)
A soldagem de topo com arco baseia-se no
mesmo princípio, porém é mais versátil, podendo ser soldadas seções
transversais bem maiores (até 50.000 mm²), obtendo-se, além disso, resultados
melhores.
Neste tipo de soldagem, as peças entram
inicialmente em contato. Fecha-se o circuito elétrico e, em seguida, as peças
são afastadas ligeiramente. O arco elétrico que se forma, funde as partes
salientes. Ao desligar a corrente elétrica, os mordentes são comprimidos
repentinamente um contra o outro, efetuando-se a soldagem. A resistência
mecânica da união soldada equivale à original.
Podem ser soldados o aço-carbono, quase
todos aço liga, o aço fundido e o ferro fundido maleável branco, além de
materiais não ferrosos.
Equipamentos:
As máquinas de “solda topo”, são, em geral,
robustas para soldagem de grandes bitolas, mas também temos equipamentos mais
leves e facilmente transportáveis.
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