sexta-feira, 24 de junho de 2016

Produção do Cobre ASTM 110 em forno rotativo




Trecho do relatório de estágio de um aluno do SENAI - Nadir Dias de Figueiredo.
Curso técnico em Metalurgia.

Para  a  produção  da  liga  ASTM  110  (quando tarugo),  o  profissional  da  preparação  de  cargas,  com  o  auxílio  de  uma  pá  -  carregadeira  da  Caterpillar enche  as  caixas  de  carga  com  a  sucata  de  Cobre  de  1°,  que  se  refere  à    materiais  de  Cobre  (cabos, fios e barras)  isentos  de  óleo  e  graxa,  bem  como isenção  de  partes  estanhadas.
Em  seguida,  com  a  ponte  rolante,  o  preparador  de  cargas  pesa  as  caixas  cheias de  Cobre  de  1°,  descontando  o  peso  da  caixa  vazia  e  anota  na  ficha  de  carga (que é um documento onde indica o que foi carregado no forno e a quantidade).
Nota:  O  motivo  de  se  usar  material  com  pouca  graxa  ou  óleo  nessa  liga,  é  para  evitar  a  formação  de  bolhas  resultantes  dos  Hidrocarbonetos.


O  profissional  de  fundição,  com  o  auxílio  da  ponte  rolante  leva  a  caixa  de cargas  até  o  carregador,  que  é  uma  plataforma  de  aço,  onde  a  mesma  é  aberta para  que  seja  despejado  o  material.  Em  seguida,  o  profissional  do  forno  com  o auxílio  de  um  rastelo  puxa  o  material  para  dentro  de  um  cilindro  que  alimenta o  forno  lateralmente  através  de  um  pistão  hidráulico.
Nota:  Cada  tempo  total  de  ciclo  de  carga  varia  em  função  da  forma  e proveniência  do  material,  devido  às  densidades  aparentes  serem  diferentes,  como exemplo  para  esse  caso  podemos  citar  sucata  de  Cobre  picotada  e  sucata  de Cobre  prensada.

Por  ser  um  forno  de  fusão  à  fogo,  para  nosso  material  o  melhor  combustível  a se  utilizar  é  o  Querosene  sustentado  pelo  Oxigênio.
Estando  o  forno  pré  -  aquecido  e  carregado,  são  colocadas  baixas  vazões  de Oxigênio  e   Querosene  no  maçarico,  para  queimar  óleos,  graxas,  possíveis plásticos  ou  papéis  e  outros,  quando  o  operador  notar  que  o  material  parou  de exalar  fumaça  (resultado da queima do Enxofre e outras impurezas),  é  dado  início ao  processo  de  fusão  do  Cobre,  com  vazões  de  Querosene  e  Oxigênio  definidas e  com  o  forno  rodando.  Nessa  etapa  ocorre  grande  oxidação  do  banho,  o  que  vai ajudar  a  remover  impurezas  usuais  como  Pb  e  Sn.
O  Cobre  funde  à  1.083° C,  e  sua  fusão  nessas  condições  varia  entre  50  minutos e  uma  hora.

Chegado  o  resultado  da  análise  química,  onde  consta  o  teor  de  Oxigênio, seguimos  para  a  etapa  de  tratamento  para  redução  do  teor  de  Oxigênio  no Cobre  líquido.  Esse  tratamento  consiste  em  introduzir  pontaletes  de  Eucalipto recém - cortados  no  banho  de  Cobre.  A  quantidade  de  pontaletes  de  eucalipto  à ser  colocada  é  em  função  das  ppm  de  Oxigênio  contidas  no  banho.
O  Oxigênio  contido  no  banho,  enquanto  os  pontaletes  fornecem  energia  e  geram uma  forte  reação  exotérmica,  liga  preferencialmente  com  o  Carbono  contido  na madeira  e  aos  elementos  da  seiva,  gerando  CO,  H2O  e  outros  que  volatilizam  e reduzem  o  teor  de  Oxigênio  no  metal  líquido.
Nota:  é  muito  importante  para  o  tratamento,  que  os  pontaletes  tenham  sido cortados  no  máximo  há  duas  semanas,  pois  à  partir  desse  período,  a  seiva começa  a  secar  e  não  produz  o  efeito  desejado,  colocados  apenas  os  pré – definidos  pela  análise  química.

Estando  a  carga  completamente  fundida,  o  profissional  do  forno  deve  remover toda  a  escória  que  se  formou  resultante  de  Óxidos  e  impurezas  menos  densas que  o  Cobre.
Com  o  auxílio  de  uma  espécie  de  rodo  que  é  introduzido  ao  forno  rotativo lateralmente,  a  escória  é  removida  e  colocada  em  uma  caixa.
Nota:  A  quantidade  de  escória  varia  em  função  da  proveniência  da  sucata fundida.  Quanto  mais  limpa  a  sucata,  menos  escória  vamos  ter.

Com  um  amostrim  previamente   pintado  com  fosfato  tricálcio  (caulim),  são retiradas  duas  amostras  do  metal  líquido.
Uma  é  resfriada  em  água  e  enviada  ao  laboratório  químico  para  análise  do Oxigênio  presente  no  metal.  A  outra,  enquanto  rubra,  é  forjada  à  uma  expessura de,  em  média,  8  mm.  Com  o  auxílio  de  uma  talhadeira  e  uma  marreta,  é  feito um  pequeno  entalhe  no  centro  da  mesma.  A  amostra  é  dobrada  no  sentido  do lado  sem  entalhe.
Caso  hajam  trincas  no  entalhe,  podemos  concluir  que  temos  altas  ppm  de Oxigênio  no  Cobre.  Caso  não  hajam  trincas,  é  sinal  de  baixas  ppm  de  Oxigênio  no  Cobre.
Nota:  o  Oxigênio  ligado  ao  Cobre,  forma  uma  fase  frágil,  o  que  provoca  trincas durante  o  forjamento  e/ou  outras  conformações.

É  retirada  uma  nova  amostra  com  outro  amostrim,  também  previamente  pintado com  caulim,  amostra  essa  para  se  revelar  em  análise  química  o  quanto  se  elevou  o  teor  de  Oxigênio  na  transferência  do  banho  do  forno  de  fusão  para  o forno  de  espera.
Caso  as  ppm  de  Otenham  excedido  o  limite  da  liga,  é  adicionada  a  liga Cobre – Fósforo  na  forma  de  grãos  diretamente  no  forno  de  espera.  A  quantidade  à  ser  usada  também  é  em  função  das  ppm  de  O2   e  o  método  é  satisfatório,  pois o  Oxigênio  liga  preferencialmente  ao  Fósforo  do  que  ao  Cobre.  Caso  seja realmente  necessário  esse  tratamento,  após  o  mesmo  é  retirada  mais  uma amostra  para  confirmação  do  teor  de  Oxigênio.  Caso  seja  confirmado  o enquadramento  do  Oxigênio  na  liga,  seguimos  para  o  vazamento.

Escorificado,  refinado  e  à  uma  temperatura  x  acima  do  ponto  de  fusão,  o  Cobre é  transferido  para  um  forno  de  espera  à  indução  da  Inductoterm  através  de  uma bica  de  vazamento.
A  temperatura  é  estabilizada  à  um  patamar  ao  qual  é  o  mais  recomendado  para vazamento  em  uma  lingoteira  de  puxada  semi - contínua  de  resfriamento  à  água.
Nota:  o  motivo  de  se  transferir  o  Cobre  para  o  forno  de  espera  com  um superaquecimento  é  para  que  o  metal  não  solidifique  ao  entrar  em  contato  com a  bica  de  transferência.

Estando  na  especificação  química  e  na  temperatura  adequada,  é  basculado  o forno  de  espera  na  lingoteira,  lingoteira  essa  provida  de  uma  máquina  de vazamento  para  lingotamento  semi – contínuo,  que  consiste  em  puxar  o  produto na  mesma  velocidade  em  que  ele  é  solidificado.
Um  cuidado  importante  para  esse  caso,  é  cobrir  a  bica  com  negro  de  fumo enquanto  o  metal  é  transferido  do  forno  para  a  lingoteira  para  evitar  a incorporação  de  gases  no  produto  fundido.

Seguido  corretamente  o  processo  e  tendo  também  boas  condições  de  todos  os equipamentos,  temos  produtos  de  excelente  qualidade,  isto  é,  livres  de  trincas, bolhas,  inclusões,  com  impurezas  dentro  da  faixa  especificada  e  sem  demais deformidades  e  não - conformidades.
Tendo  o  produto  fundido  todas  as  condições  supra – citadas,  o  mesmo  não  deve apresentar  problemas  quando  conformado.

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