Escolha dos tipos de partículas
A escolha da cor das
partículas fica associada ou definida em função da cor de fundo, cor da
superfície da peça em exame. E procuramos usar uma partícula cuja cor produza
com a superfície o melhor contraste possível, garantido dessa forma maior sensibilidade visual. A cor
da partícula é uma pigmentação que tem também a finalidade de promover um
balanceamento das condições de densidade da mesma. No caso das partículas para
aplicação pelo método de via úmida é importante que a pigmentação ou
recobrimento da partícula acumulada nas indicações sem cor que produza
contraste suficiente com a superfície em exame.
No mercado podemos
encontrar partículas a serem aplicadas por via seca nas cores: branca, cinza,
amarela, vermelha e preta, conhecidas como partículas para observação sob luz
negra ou ultravioleta. Também sob as mesmas condições de luz, as partículas por
via úmida nas cores, preto, vermelho e fluorescente. As fluorescentes podem, de
acordo com o fabricante, apresentaram-se nas cores amarelo esverdeado ou alaranjado.
Com a finalidade de promover melhor visualização das partículas, foram
desenvolvidos mais recentemente os líquidos de contraste, que é uma tinta
branca em embalagem spray que é aplicada de forma uniforme sobre a superfície
de teste, garantindo um fundo uniforme que vai contrastar com a cor da
partícula, aumentando-se a sensibilidade da visualização. A tinta de contraste
é aplicada de maneira a criar um fundo branco sem no entanto interferir na
mobilidade das partículas ou mesmo na intensidade dos campos de fuga. A
espessura do filme de tinta após seco é da ordem de 15 µm .
Procedimento para ensaio
Sequência Básica para
Aplicação do Ensaio:
• Preparação da
Superfície: De acordo com a sequência de execução do ensaio, o ensaio por
Partículas Magnéticas, começa pela limpeza e/ou preparação da superfície. O
método de preparação da superfície depende do tipo de peça, tamanho e
quantidade. São métodos de limpeza:
• Jato de areia ou
granalha,
• Escova de aço,
• Solvente e panos
umedecidos em solventes ou secos;
• Limpeza química ;
• Vapor desengraxante;
• Esmerilhamento.
O objetivo desses
métodos de limpeza é de retirar da superfície em exame toda a sujeira,
oxidação, carepas, respingos ou inclusões superficiais que prejudiquem o ensaio
com a formação de campos de fuga falsos, ou que, contaminem a suspensão, caso o
ensaio seja executado com via úmida , ou ainda que dificultem a mobilidade das
partículas sôbre a superfície. O jato de areia ou granalha é comumente
utilizados na preparação de peças automotivas ou componentes de máquinas, que,
são colocados em cabines para jateamento ou por tamboreamento. Escovas de aço
que tanto podem ser rotativas, ou manuais são mais utilizadas na preparação de
peças soldadas. O solvente é empregado como uma complementação aos métodos de
limpeza anteriores, com o objetivo de promover na região a ser inspecionada uma
superfície isenta de graxas, óleo ou outro tipo de contaminante que impeça ou
prejudique o ensaio, mascarando os resultados. É necessário garantir uma boa
mobilidade das partículas. Caso as partículas sejam aplicadas dispersas em
água, a superfície deve estar isenta de óleo ou graxa, caso contrário a peça
não ficará “molhada”
• Seleção do
Equipamento para Magnetização e das Partículas Magnéticas:
Como vimos, a escolha
do equipamento para magnetização e do tipo de partículas magnéticas, dependerá
da forma da peça a ser ensaiada, do local para execução do ensaio, do
acabamento superficial da peça, e da especificação técnica para inspeção. O
ensaio por partículas magnéticas deve ser sempre executado com base a um
procedimento qualificado e aprovado, com finalidade de estabelecer e fixar as
variáveis essenciais do ensaio. Assim, a técnica de magnetização, o método de
ensaio, e outros, não necessitam serem determinadas pelo inspetor responsável,
no momento do ensaio. A recomendação básica de todo sistema de garantia da
qualidade, é que todos os instrumentos de ensaio precisam estar calibrados.
Para os equipamentos que incorporam miliamperímetros, estes devem estar
calibrados ; por outro lado os Yokes devem ser calibrados com o teste de
elevação de carga.
• Planejamento do
Ensaio e Magnetização da Peça:
Escolhida a técnica de
magnetização a ser empregada ou disponível para o ensaio, é importante que o
Inspetor procure visualizar ou esquematizar a peça, como será o campo magnético
formado, se longitudinal ou circular. Essa visualização é importante pois como
não conhecemos a orientação das descontinuidades vamos começar a fazer o ensaio
por um ponto e, para garantirmos que a inspeção foi adequada, capaz de detectar
qualquer descontinuidade em qualquer orientação, é preciso que, de acordo com a
técnica de magnetização utilizada, uma outra varredura, defasada de mais ou
menos 90° do eixo da anterior, seja realizada na mesma região. A técnica de
varredura descrita anteriormente é empregada na inspeção de peças utilizando-se
de um Ioque ou através da técnica de eletrodos, onde recomenda-se, para
garantir uma varredura perfeita e com sobreposição adequada entre uma e outra
varredura, que o inspetor trace com giz de cera na peça os pontos onde serão
apoiadas as pernas do Ioque ou eletrodos, obtendo-se assim, uma varredura sequencial
e com garantia de inspeção em 100% da região de interesse, a posição dos polos
de contato 1-1 e 4-4 ou 2-2 e 3-3. Já nas máquinas estacionárias, onde as peças
a serem inspecionadas, como por exemplo: pinos, bielas, engrenagens, disco,
virabrequins, são submetidas, na maioria das vezes, a dois campos magnéticos
aplicados simultaneamente, sendo um por corrente alternada - CA e outro, por
corrente alternada retificada, ou ambos por correntes alternadas defasadas, é
necessário garantir a varredura de toda a peça ou de uma região de interesse.
Nesse caso, é importante verificar se a intensidade do campo é adequada para se
fazer a inspeção de toda a peça de uma vez só. Caso isso não seja possível, é
necessário inspecionar peça em partes, ou seções. Portanto, de acordo com o
equipamento disponível, em função de seus recursos e capacidade, fazemos os
ajustes nos campos de modo a obter um balanceamento ótimo. Notar
descontinuidade que podemos e devemos trabalhar ora com um campo ora com outro
para perfeita detecção e descontinuidade transversais ou longitudinais. A
varredura insuficiente ou inadequada torna o ensaio sem confiabilidade.
• Aplicação das
Partículas e Observação das Indicações: A aplicação das partículas
ferromagnéticas deve ser feita de forma que seja coberta toda a área de
interesse, quer seja por via seca ou úmida. A remoção do excesso de partículas
sobre a superfície deve ser feita de modo a não eliminar as indicações que se
formam. Se as partículas forem por via seca, um leve sopro deve ser aplicado. Se
as partículas forem via úmida, o próprio veículo promove o arrasto do excesso
das partículas. A observação das indicações se dará pela visualização dos
pontos de acúmulo do pó ferromagnético. Esta fase não é tão fácil, pois o
inspetor pode confundir um acúmulo de pó devido a uma ranhura ou mordedura ,
com uma descontinuidade, levando a erros no julgamento dos resultados.
• Avaliação e Registro
dos Resultados: Como um ensaio por partículas magnéticas é um tanto quanto
subjetivo, torna-se necessário que, mesmo seguidos os critério e requisitos
recomendados para o ensaio com base nas normas aplicáveis, os resultados
obtidos no ensaio na mesma peça sob as mesmas condições. Para tal, além de ser
seguido um procedimento específico para cada tipo de trabalho que se fez,
torna-se necessário implementar uma correlação entre o mapa de registro dos
resultados e os relatórios emitidos, bem como a localização física da peça ou
equipamento submetido ao ensaio. Como orientação, sugerimos que seja elaborado
um relatório detalhando todas as características e parâmetros do ensaio, tais
como:
• Peça ensaiada
,desenho, posição , etc.. ;
• Área de interesse ;
• Norma de aceitação;
• Aparelho de
magnetização;
• Tipo e intensidade
da corrente elétrica utilizada ;
• Tipo de pó magnético
usado;
• Veículo, se
aplicável
• Concentração das
partículas , se aplicável;
• Croquis da peça e
das indicações observadas;
• Assinatura e
identificação do inspetor responsável.
Uma das formas
adequadas de registro das descontinuidades no caso de soldas, é a de
desenhá-las em fita crepe ou, se dispuser de maiores recursos utilizar-se de
fotografias. Conforme já mencionado, desde que todos os requisitos do ensaio,
forem cumpridos, torna-se fácil avaliação das indicações. O inspetor deverá,
naturalmente, estar familiarizado com os requisitos ou critérios de aceitação recomendados
pela norma aplicável. A observação e avaliação das indicações é processada
imediatamente após a aplicação da suspensão ou do pó e durante a remoção do
excesso, uma vez que o comportamento da mobilidade das partículas,
distribuição, contraste, etc., indicará a necessidade ou não de reinspeção da
área. Notar que muitas vezes poderão surgir indicações falsas ou não
relevantes, sendo recomendado ao inspetor muito cuidado na perfeita avaliação
dos resultados obtidos. As condições de iluminação são essenciais para êxito
desta etapa.
Critério de aceitação das indicações
O critério de
aceitação que segue abaixo , é uma tradução do Código ASME Sec. VIII Div.1
Apêndice 7 , é aplicável para soldas inspecionadas por partículas magnéticas
Avaliação das indicações:
Uma indicação é uma
evidência de uma imperfeição mecânica.
Somente indicações com dimensões maiores que
1/16 pol. ( 1,5 mm) deve ser considerada como relevante.
(a) Uma indicação
linear é aquela tendo um comprimento maior que três vezes a largura.
(b) Uma indicação
arredondada é aquela na forma circular ou elíptica com comprimento igual ou
menor que três vezes a largura.
(c) Qualquer indicação
questionável ou duvidosa , deve ser reinspecionada para determinar se
indicações relevantes estão ou não presentes.
Critério de Aceitação:
Toda as superfícies devem estar livres de :
(a) indicações
relevantes lineares ;
(b) indicações
relevantes arredondadas maiores que 3/16 pol. (5,0 mm) ;
(c) quatro ou mais
indicações relevantes arredondadas em linha separadas por 1/16 pol. (1,5 mm) ou
menos (de borda a borda) ;
(d) uma indicação de
uma imperfeição pode ser maior que a imperfeição , entretanto , o tamanho da
indicação é a base para a avaliação da aceitação .
OBRAS CONSULTADAS
1. American Society of Mechanical Engineers
- ASME Boiler and Pressure Vessel Code , Section V ,
2. Leite, Paulo G.P ,
“Curso de Ensaios Não Destrutivos” , 8a. edição , Associação Brasileira de
Metais-ABM, 1966 ;
3. Krautkramer , “Ultrasonic Testing of
Materials” second edition ;
4. Andreucci,Ricardo “Ensaio Não Destrutivo -
Ultrassom” , Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos- ABENDI 5. Eastman Kodak Company , “Radiography in Modern
Industry” , 4a Edition , 1980 6. Agfa Gevaert , “Radiografia Industrial”, NV
1989 7. American Society of Mechanical Engineers - ASME Boiler and Pressure
Vessel Code , Section VIII Div.1
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