Técnicas de magnetização
Mencionamos que
podemos obter campos magnéticos por diversas técnicas, contudo, o processo de
magnetização só é obtido através de indução de campo magnético ou por indução
de corrente elétrica. Dizemos que há indução de campo quando o campo magnético
gerado na peça é induzido externamente. Já no processo de magnetização por
passagem de corrente, a peça em inspeção faz parte do circuito elétrico do
equipamento de magnetização, isto é, a corrente de magnetização, circula pela
própria peça. É por esta razão que recomendase bastante cuidado na utilização
da técnica de magnetização por passagem de corrente, pois poderá ocorrer a
abertura de um arco elétrico nos pontos de entrada e saída de corrente,
queimando a peça nesta região,o que, em se tratando de peça acabada, pode ser
inaceitável, ou mesmo poderá representar risco de explosão ou incêndio se no
ambiente houver gases ou vapores inflamáveis.
Tipos de corrente elétrica utilizada
As correntes elétricas
utilizadas na magnetização para inspeção por partículas magnéticas poderão ser
das mais variadas fontes existentes, como segue:
• corrente contínua
(CC): somente obtida através de baterias, e que na prática não é aplicável em
processos industriais ;
• corrente alternada
(AC): usada para detecção de descontinuidades superficiais. A corrente
alternada , devido ao ciclo alternado da corrente, promove maior mobilidade às
partículas, tem pouca penetração, as linhas de força são mais concentradas na
superfície e portanto é mais recomendada para a detecção de descontinuidades
superficiais;
• corrente alternada
retificada (meia onda ou onda completa) (CA): usada para detecção de
descontinuidades sub-superficiais , o que na prática representa até 4 mm de
profundidade.
Magnetização por passagem de corrente
pela peça
É a técnica de
magnetização, em que a corrente circula pela peça, onde temos as técnicas de
eletrodos e de contato direto. Técnica dos Eletrodos É a técnica de
magnetização pela utilização de eletrodos, também conhecidas como pontas que
quando apoiadas na superfície da peça, permitem a passagem de corrente eletríca
pela peça. O campo magnético criado é circular. Esta técnica é geralmente
aplicada em peças brutas fundidas, em soldas, nas indústrias de siderurgia,
calderaria e outros.
A técnica dos
eletrodos induz um campo magnético que é dependente da distância entre os
eletrodos e a corrente elétrica que circula por eles. Em geral estes valores
são tabelados e disponíveis nas normas técnicas de inspeção aplicáveis ao
produto ensaiado.
Aparelho típico para
magnetização por passagem de corrente elétrica denominada técnica de eletrodos.
Estes equipamentos são portáteis, permitindo atingir até 1500 Ampéres
utilizando corrente contínua ou alternada. Cuidados devem ser tomados quanto ao
meio ambiente de operação destes equipamentos pois estes produzem faíscas
elétricas que podem causar explosões na presença de gases ou produtos
inflamáveis.
Técnica de contato direto
Também conhecida como
magnetização por placas ou cabeçotes de contato. Devido sua aplicação maior ser
através de máquinas estacionárias é definida como sendo a técnica de
magnetização pela passagem de corrente elétrica de extremidade a extremidade da
peça. O campo magnético formado é circular. Esta técnica se difere da técnica
por eletrodos descrita ,pois é aplicável em sistemas de inspeção automáticos ou
semi-automáticos, para inspecionar barras, eixos, principalmente nas indústrias
automobilísticas ou em fabricas de produtor seriados de pequeno porte.
Técnica da bobina
Nessa técnica a peça é
colocada no interior de uma bobina ou solenóide. Pode ocorrer também que a
bobina é gerado, por indução magnética, um campo longitudinal na peça.
Técnica do yoke
É a técnica de
magnetização pela indução em campo magnético, gerado por um eletroimã, em forma
de U invertido, que é apoiado na peça a ser examinado. Pelo eletroimã circula a
corrente elétrica alternada ou contínua. É gerada na peça um campo magnético
paralelo a linha imaginária que une as duas pernas do Yoke .
Os ioques produzem
campo magnético longitudinal, podendo ser de pernas fixas ou os de pernas
articuláveis, conhecidos como Ioques de pernas articuladas. Os de pernas
articuláveis são mais eficientes por permitirem uma série de posições de
trabalho com garantia de um bom acoplamento dos pólos magnéticos. A sua
vantagem está em não aquecer os pontos de contato, já que a técnica usa
corrente elétrica magnetizante que flui pelo enrolamento da bobina do Ioque, e
não pela peça. A recomendação básica de algumas normas para calibração deste
equipamento é que o campo magnético formado na região de interesse definida
como área útil, esteja entre os valores de 17 a 65 A/cm. Para simplificar e
permitir a comprovação periódica da intensidade do campo magnético durante os
trabalhos de campo é estabelecido nas normas, que a verificação da força de
magnetização do Ioque pode ser comprovada através de sua capacidade mínima de
levantamento de massa equivalente a 4,5 kg de aço, no máximo espaçamento entre
os pólos a ser utilizado em corrente alternada e de 18,1 kg em corrente
elétrica contínua.
Desmagnetização
Verificamos que alguns
materiais, devido as suas propriedades magnéticas, são capazes de reter parte
do magnetismo após a interrupção da força magnetizante. Conforme a aplicação subsequente
destes materiais, o magnetismo residual ou remanente poderá criar problemas,
sendo necessário a desmagnetização da peça. Podemos resumir as razões para
desmagnetização de uma peça como a seguir.
Interferência nos
processos de Usinagem: Uma peça com magnetismo residual poderá interferir nos
processos futuros de usinagem, pois o magnetismo da peça induzirá a
magnetização das ferramentas de corte afetando o acabamento da peça. A retenção
de limalhas e partículas contribuirá para a perda do fio de corte da
ferramenta. Interferência nos processos de Soldagem: A interferência em
operação de soldagem se faz sentir com a deflexão do arco elétrico, desviando-o
da região de soldagem, interferência conhecida como sopro magnético, que
prejudicará em muito o rendimento e a qualidade da solda. Interferência com
Instrumentos de Medição: O mecanismo residual interfere com instrumentos
sensíveis de medição ou navegação, colocando em risco a operação dos
equipamentos uma vez que, as leituras obtidas não correspondem à realidade. Há
registros de acidentes aéreos por interferências de campos magnéticos detrens
de pouso nos instrumentos de navegação da aeronave. A desmagnetização é
dispensável quando:
a) Os materiais
possuem baixa retentividade;
b) As peças forem
submetidas a tratamento térmico. As peças de aço que estiverem magnetizadas, ao
atingir a temperatura de 750° C, chamado ponte Curie, perdem a magnetização;
c) As peças forem
novamente magnetizadas.
Métodos de desmagnetização
São várias as técnicas
de desmagnetização sendo que todas são baseadas no princípio de que, submetendo
a peça a um campo magnético que é continuamente invertido e gradualmente
reduzindo a zero, após um determinado período e um número de ciclos, a peça
será desmagnetizada.
Ensaio Via seca
Dizemos que as
partículas são para via seca, como o próprio nome indica, quando aplicadas a
seco. Neste caso é comum dizer que o veículo que sustenta a partícula até a sua
acomodação é o ar. Na aplicação por via seca usamos aplicadores de pó manuais
ou bombas aspersoras que pulverizam as partículas na região do ensaio, na forma
de jato de pó. As partículas para via seca devem ser guardadas em lugares secos
e ventilados para não se aglomerarem. É muito importante que sejam de
granulometria adequada para serem aplicadas uniformemente sobre a região a ser
inspecionada. Comparando com o método por via úmida, as partículas por via seca
são mais sensíveis na detecção de descontinuidades próximas a superfície, mas
não são mais sensíveis para pequenas descontinuidades superficiais. Também,
para uma mesma área ou região examinada, o consumo é maior. Por outro lado, é
possível a reutilização das partículas , caso o local de trabalho permitir e
que seja isenta de contaminação.
Ensaio Via úmida
É método de ensaio
pela qual as partículas encontram-se em dispersão em um líquido, denominado de
veículo. Este líquido pode ser a água, querosene ou óleo leve . No método por
via úmida as partículas possuem granulometria muito fina, sendo possível
detectar descontinuidades muito pequenas, como trincas de fadiga. Devemos
ressaltar que neste método de ensaio, as partículas que estão em dispersão,
mesmo na presença do campo magnético, tem maior mobilidade do que na via seca,
e podem percorrer maiores distâncias enquanto se acomodam ou até serem
aprisionadas por um campo de fuga. Da mesma forma, nas superfícies inclinadas
ou verticais requerem menor esforço para remoção do excesso. Os aplicadores por
via úmida são na forma de chuveiros de baixa pressão no caso de máquinas
estacionárias ou manuais, tipo borrifadores, que produzem uma névoa sobre a
região em exame. Contudo, nada impede que na aplicação manual, a suspensão seja
derramada sobre a peça. A escolha do aplicador tipo borrifo tem finalidades
econômicas e de execução do ensaio, visto que a quantidade aplicada é menor, e
para o inspetor a visualização imediata das indicações, enquanto ocorre a
acomodação das partículas e pouco excesso para remoção. Embora já exista no
mercado suspensões em forma de spray, a aplicação mais usual é a que é
preparada pelo próprio inspetor. O método por via úmida exige uma constante
agitação da suspensão para garantir a homogeneidade das partículas na região de
exame. Essa agitação é automática nas máquinas estacionárias. Na aplicação
manual, o próprio inspetor deverá fazê-la, agitando o aplicador antes de cada
etapa de aplicação.
• Preparação das
Partículas Via Úmida: As partículas para serem aplicadas pelo método por via
seca não requerem preparação e são retiradas diretamente das embalagens para os
aplicadores de pó. Já as partículas para via úmida requerem a preparação da
suspensão ou banho. Estas partículas podem estar na forma de pó ou pasta. A
preparação da suspensão por via úmida é muito importante para garantia da
homogeneização do banho e dispersão das partículas na região em ensaio, após
aplicação. Os fabricantes indicam nas próprias embalagens os valores de
concentração adequada para a suspensão. Algumas partículas são utilizadas tanto
em querosene quanto em água, fazendo com que o banho tenha uma composição
homogênea, evitar a formação de espuma e a oxidação da superfície da peça logo
após o ensaio. Deve-se salientar que no preparo da suspensão, a partícula, que
é um pó muito fino, tem dificuldade de se misturar no líquido caso seja
adicionada a este de uma única vez. Na prática, o que faz é o inverso: o
veículo da suspensão é adicionado aos poucos a um copo contendo o pó e no
início em pouquíssima quantidade, com objetivo de permitir que seja bem
misturadas todas as partículas. Só depois que o inspetor conseguir “quebrar”
bem a aglomeração das partículas, formando um “mingau”, é que se adiciona aos
poucos o restante do veículo até completar um litro, sem deixar de mexer ou
agitar toda suspensão. A verificação da concentração é realizada usando-se um
tubo decantador padronizado graduado, que tem a forma de pera. Com ele, são
retirados da suspensão pronta 100 ml, e aguarda-se 30 minutos. Após esse tempo,
verifica-se na base do tubo, a quantidade também em ml de partículas
decantadas, que se estiverem dentro da faixa recomendada pelas normas, indicam
que a suspensão está pronta para uso. Os valores recomendados são de 1,2 a 2,4
ml/50 ml para a inspeção por via úmida de partículas observadas sob luz branca
ou natural, e de 0,1 a 0,7 ml/50 ml para as partículas fluorescentes, que são
observadas sob luz ultravioleta ( ou luz negra ).
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